Direct Metal Laser Sintering e o futuro da impressão 3D: Entrevista com Jose Greses, Gerente Regional da EOS

[:pb]Gerente Regional da EOS, abrangendo o sudeste da Europa, Península Ibérica, Rússia, Oriente Médio, África e América Latina, o executivo Jose Greses estará presente no Inside 3D Printing São Paulo 2016 para falar sobre o “hype” da impressão 3D no contexto da produção industrial de ponta. Sua equipe desenvolve aplicações inovadoras de manufatura aditiva para as indústrias médica, odontológica e aeroespacial, entre outras.

Na entrevista abaixo, exclusiva para o 3DPrinting, ele comenta sobre o futuro da tecnologia Direct Metal Laser Sintering (DMLS) e das supermáquinas da EOS:

3DPrinting.: Que tipo de indústria ainda não usa ou não conhece a tecnologia, mas poderia se beneficiar do Direct Metal Laser Sintering atualmente e por quê?

José Greses.: A EOS está ainda servindo a um número bastante limitado de indústrias para nos mantermos viáveis como uma empresa ainda de médio porte. Estas incluem, por exemplo, a Aeroespacial, a área médica, maquinaria e robótica, de ferramentas, a indústria automotiva e claro, a de prototipagem rápida. Nossa tecnologia oferece uma ampla variedade de vantagens e permite aplicações fascinantes para quase todos os setores – ainda nem todos eles tenham identificado o potencial que esse novo mercado oferece.

Dependendo da região, o foco da indústria pode ser diferente. Se olharmos para o Brasil, por exemplo, as indústrias principais são as do segmento médico, automotivo e de ferramentas.

3DPrinting.: Qual o custo médio de uma máquina EOS? Vocês estão focados somente no mercado B2B?

Jose Greses.: Os custos de investimento em um sistema EOS começam com 200 mil euros para o sistema FORMIGA P 110 e sobem para cerca de 1,5 milhões de euros para o sistema EOS M 400 Direct Metal Laser Sintering (DMLS). O sistema DMLS EOS M 290 intermediário custa cerca de 500 mil euros.

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Jose Greses é Gerente regional da EOS

3DPrinting.: Vocês possuem muitas máquinas EOS operando atualmente no Brasil? Que tipo de indústria deveria considerar o uso de máquinas EOS para reduzir os custos de processamento e distribuição?

 

Jose Greses.: EOS tem mais de 10 sistemas instalados no Brasil, operando em diferentes setores – de serviços de prototipagem rápida à área odontológica e acadêmica.


3DPrinting.: Na sua opinião, qual é o maior desafio de inovação que a EOS enfrentou desde que a companhia foi fundada, em 1989, até agora, 2016?

 

Jose Greses.: Ao iniciar as atividades no segmento de prototipagem rápida, nos idos de 1989, a EOS tem se aprofundado no desenvolvimento constante da tecnologia, inclusive para estabelecer a Additive Manufacturing (AM) – Manufatura Aditiva – como tecnologia de produção de peças finais reais.

Já vemos as primeiras aplicações nessa produção, como o que acontece, por exemplo, na indústria Aeroespacial. Mas, como em muitos casos os ambientes de produção exigem configurações muito mais complexas do que o que ocorre com a prototipagem, esta é uma área que ainda tem muito por evoluir nos próximos anos.

Exemplos:

GE Aviation

MTU

EOS
Produtos para a indústria da moda: salto alto impresso em titânio (Fonte: EOS, Kerrie Luft).


3DPrinting.:
Você acredita que a tecnologia DMLS pode baratear a ponto de poder ser usada por pequenas empresas também, em um futuro próximo?

Jose Greses.: A EOS já oferece sistemas acessíveis e que atendem às necessidades particulares de pequenas empresas. Para essas empresas, lançamos recentemente o sistema EOS M 100 DMLS. Devemos continuar a otimizar nossas ofertas e certamente iremos rever os preços também. Mas, se colocar na ponta do lápis, nossa tecnologia permite soluções de alta tecnologia para as indústrias mais exigentes. Como resultado, esses sistemas B2B para impressão 3D industrial e uso por parte de especialistas nunca vão estar disponíveis a preços semelhantes aos de impressoras 3D desktop.

3DPrinting.: A tecnologia DMLS requer algum tipo de pós processamento?


Jose Greses.: Sim, em muitos casos, mas também depende da aplicação.

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Produtos para a indústria da moda (Fonte: 3D-Printshow).



3DPrinting.: É possível comparar as tecnologias DMLS e EBM em termos de processos inovativos?

Jose Greses.: O que as duas tecnologias – DMLS e EBM – possuem em comum é que ambas são tecnologias aditivas que utilizam pó como matéria prima, ainda que usando diferentes fontes de energia (laser ou feixe de elétrons).  

Só podemos abordar com segurança a nossa tecnologia. A variedade e o número sempre crescente de aplicações DMLS que vemos em indústrias muito específicas explica porque a DMLS oferece processo e sistema robustos. A inovação aqui decorre do fato de que já se provou sua disponibilidade para a produção. Como a garantia de qualidade é um elemento-chave na produção, nós também lançamos recentemente a poderosa ferramenta MeltPool Monitoring, que oferece monitoramento de processos em tempo real para DMLS de forma automatizada e inteligente.

3DPrinting.: Você trabalha em estreita colaboração com a indústria de moldes de injeção. Você acha que em algum momento este processo convencional de produção será superado pela impressão 3D? E, se sim, quanto tempo até que isso aconteça?

José Greses.: A EOS possui muitos consumidores de ferramentas que produzem moldes híbridos usando nossa tecnologia. Estes moldes híbridos são produzidos por tecnologias tradicionais e por DMLS. Ambas as tecnologias têm suas vantagens, a depender da aplicação e exigência do produto final. Então, nós sempre sugerimos que o cliente use a abordagem tecnológica que melhor servir às suas necessidades. Falando especificamente de DMLS, esta tecnologia é a melhor escolha quando se trata de um design que requer arrefecimento complexo. Como resultado, a tecnologia EOS permite ciclos de tempo reduzidos e aprimora a qualidade das partes injetadas.

Alguns chegam a usar a tecnologia DMLS para ações de reparo – um bom exemplo é o burner repair application da Siemens. Para a produção direta de peças de plástico, a impressão 3D industrial de polímeros fornecida pela EOS não irá ultrapassar a tecnologia de injeção convencional para grandes séries. No entanto, para a pequenas produções em série – até 500 ou 1.000 partes, dependendo da geometria – a tecnologia EOS é a solução mais econômica e tem rapidamente conquistado market share no setor ferramental.

EOS
Micro impressão 3D de uma engrenagem (Fonte: 3D Micro Print)

 

3DPrinting.: Você acha que é possível um dia chegarmos ao ponto de possuir máquinas multifuncionais, que ao mesmo tempo sejam fresadoras e processem pó de metal, pó de plástico e corte a laser, tudo em um único sistema? Máquinas multifuncionais já existem no espectro de baixo nível, mas serão viáveis em alto nível também?

 

Jose Greses.: O que certamente veremos nos próximos anos, com as aplicações de produção possibilitadas pela manufatura aditiva, é que elas vão ser integradas a ambientes de produção existentes que ainda hoje são dominados principalmente por tecnologias convencionais. A EOS recentemente firmou uma parceria estratégica com a GF Machining Solutions com o objetivo de combinar o melhor dos dois mundos em uma única abordagem. Com isso, a GF e a EOS irão realizar a integração das máquinas de manufatura aditiva no processo de produção de moldes, incluindo a interface necessária entre software e automação com ferramentas de usinagem e dispositivos de medição.


Realisticamente falando, no entanto, não vemos sistemas executando plástico e metal em uma única máquina já que os complexos processos por trás disso se comportam de maneira diferente, executam em níveis completamente diferentes de calor etc. Em termos gerais, também não é comum termos máquinas a laser, que já existem no mercado há bastante tempo, e que processem corte, solda e perfuração, tudo ao mesmo tempo. Normalmente, as máquinas de produção fazem uma coisa de uma forma muito eficiente. Acreditamos que o mesmo se aplicará para este setor nos próximos anos. Assim, o objetivo para o futuro será antes o de interligar todos os tipos de máquinas da melhor maneira possível para permitir uma produção contínua que tire o melhor proveito de todas as tecnologias associadas.


3DPrinting.: Quão limpas são as tecnologias de impressão 3D da EOS? Por acaso envolvem resíduos recicláveis, por exemplo?

 

Certamente essa resposta sempre dependerá do que você define por “verde”. Ao se falar em reutilização de materiais, do uso econômico de recursos materiais e no desenvolvimento de soluções de produtos sustentáveis, ​​a resposta é sim. Alguns exemplos: tecnologias de manufatura aditiva baseadas em pó, como a de Laser Sintering oferecida pela EOS, fornecem um processo de manufatura que, em contraste com as tecnologias convencionais subtrativas, utiliza apenas o material que é realmente necessário para produção da peça final.

Falando sobre tecnologia de manufatura aditiva plástica, a reutilização da sobra de pó é possível – após a limpeza e mistura com pó novo. Nossa tecnologia também permite criar estruturas leves, que não só oferecem um uso econômico de recursos materiais, como também ajudam a atingir as metas de sustentabilidade para determinadas indústrias.

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